Sonic foi um dos jogos mais famosos do Mega Drive e dos anos noventa. O jogo fez tanto sucesso que o título continua fazendo parte de videogames de última geração até hoje. E não é para menos – foi o primeiro jogo que trouxe não somente a super-velocidade como um dos pontos principais, mas também o personagem carismático Sonic.
Sonic não é exatamente nem um ouriço nem um porco espinho. Segundo a Sega (empresa criadora do personagem), é um Ouriço-cacheiro, um animal coberto de espinhos e com um focinho que lembra um camundongo. O mais importante é que Sonic corre muito, muito rápido e quando se enrola, vira uma bola indestrutível.
E com um personagem tão conhecido e adorado, a notícia de um filme de Sonic foi recebida com um certo receio pelos fãs. E com razão! A maioria dos filmes com base em videogames falha, já que os detalhes que fazem dos games um sucesso raramente são traduzidos para o cinema. Nestes casos, histórias novas são sempre criadas e muitas vezes os personagens ficam irreconhecíveis nas telonas.
A produção de Sonic logo começou com problemas. A tentativa de dar ao personagem animado um design realista falhou tanto e recebeu tantas críticas dos fãs que este teve que ser refeito. E os fãs agradecem. O Sonic das telonas tem tanto charme quanto velocidade.
Mas, como todo o game que se torna filme, a história de Sonic teve que ser modificada. No jogo, não precisamos de um personagem complexo. Mas no cinema, não é suficiente acompanharmos um Ouriço-cacheiro correndo e passando por obstáculos. É preciso criar uma história pessoal do personagem para que possamos torcer por ele. E é aí que o filme pode ser um sucesso ou um fracasso.
E Sonic – O Filme deu certo, até certo ponto. Na produção, o ouriço-cacheiro vem de outro planeta fugindo de inimigos que querem seu poder. Quando chega na Terra, se esconde o tempo todo, e acaba ficando muito solitário e para passar o tempo, ele brinca e faz referência a cultura popular. Não há como não gostar do personagem e torcer para que tenha amigos.
Seu inimigo, Robotnik (Jim Carrey), faz toda a diferença. Ele é engraçadíssimo e lembra os filmes mais engraçados do ator, como Ace Ventura.
O maior problema é que o enredo tem discrepâncias que deixam certas cenas difíceis de acreditar, mesmo em um filme com um ouriço-cacheiro alienígena correndo pela cidade. Por exemplo, enquanto alguns seres-humanos ficam chocados quando veem um animal falante, outros logo acham normal.
Estas discrepâncias não derrotam o filme, mas o tornam mais infantil. Mas isso não quer dizer que adultos não vão se divertir. Com piadas engraçadas, uma ótima atuação de Jim Carrey e a famosa velocidade do videogame, o filme entretém e dá a Sonic a sua versão do cinema.
Texto escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski ao Jornal A Crítica.