Wind River: sem muito apelo de público, mas ainda assim um ótimo filme

Wind River sofre por não ser remake ou então uma obra baseada em livros incrivelmente populares. Sem estas características que parecem vir para ficar em Hollywood, a produção teve estreia limitada a poucos cinemas. Porém, com um trabalho ótimo do diretor, escritor, e ex-ator, Taylor Sheridan, o filme vem ganhando mais espaço na indústria, conquistando mais salas de cinema e, consequentemente, aumentando sua bilheteria.

Usando metáforas visuais que logo nos mostra a personalidade do protagonista Cory Lambert, interpretado por Jeremy Renner, o filme consegue nos fazer identificar com o personagem logo de cara. Defendendo ovelhas de lobos, o autodenominado caçador e agente do governo que lida com animais selvagens mostra seu objetivo de vida: ajudar os mais fracos.

O motivo fica claro quando Lambert acha uma garota morta na neve do Estado de Wyoming. Filha de seu amigo, a jovem morreu do mesmo modo que a filha do protagonista, que a partir daí trabalhará duro para que o assassino seja encontrado. Afinal, ajudar seu amigo acaba sendo o mesmo que ajudar a si mesmo, e proteger a memória de sua filha.

Porém, não é aí que o filme se ressalta sobre outros.  Produções com temas e gêneros parecidos abundam em Hollywood. O que sobressai aqui é que o título nos coloca em outro mundo sem precisarmos ir para outro planeta, estratégia agora exageradamente usada em filmes de ficção científica. Aqui somos transportados para um mundo mais perto, mas que raramente visitamos ou é mostrado nas telonas: as reservas indígenas dos nativos americanos.

Longe de tudo e de todos, e cercados por neve, montanhas e a frieza da natureza, os habitantes da comunidade empobrecida vivem como se aprisionados pelo próprio meio ambiente. Como se isto não bastasse, a falta de serviços, até mesmo policiais, deixam os moradores da reserva sujeitos a crimes e caprichos da natureza. Tempestades de neve que vem e voltam esporadicamente contribuem mais ainda para a dificuldade de viver no local.

Assim, a geografia e o clima acabam sendo como que personagens do filme que previnem o lugar de se desenvolver. Para conseguirmos entender esta comunidade pelos nossos olhos de moradores de cidade grande (e há uma grande chance de que qualquer um que conheçamos viva em uma cidade maior do que a reserva indígena mostrada no filme), Sheridan nos introduz à Jane Banner, interpretada por Elizabeth Olsen, uma jovem policial que, não sendo levada muito a sério pela polícia de Las Vegas, acaba sendo a única representante da policia federal que é mandada para averiguar o assassinato.

É por meio de Olsen que entendemos o quão difícil é caminhar pela comunidade, tanto fisicamente já que o frio pode matar, quanto profissionalmente uma vez que o departamento de polícia do local conta com um escasso número de policiais. Além de psicologicamente, também, já que todos os moradores sofrem de traumas que os previnem de comunicar normalmente.

Com uma fotografia impressionante, Sheridan nos dá uma ideia das complicações que comunidades distantes, inóspitas e abandonadas vivem no dia a dia, proporcionando algo diferente daquilo que estamos acostumados com filmes dos dias de hoje.

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