Valerian: em busca de uma história

Valerian, dirigido por Luc Besson, tem visuais incríveis e que lembram muitos outros filmes do gênero como Star Wars e Avatar. No começo do longa, parece que o diretor francês consegue criar um novo universo tão rico quanto qualquer outro projeto de ficção científica.  Porém, no decorrer do filme, seu enredo e personagens vão gradualmente deixando de ser interessantes até que a beleza das imagens são as únicas coisas que sobram. Há razões bastante claras para o fracasso de crítica, de público e de bilheteria.

Luc Besson é um dos três diretores, juntamente com Jean-Jacques Beineix e Leos Carax, que fazem parte do movimento Cinèma du Look, ou cinema do olhar. Essa filosofia, que recebeu seu nome pelo crítico de cinema francês Raphaël Bassan, se caracteriza por filmes que dão preferência a imagens maravilhosas, deixando o enredo de lado. Estas características caem como uma luva no novo filme do diretor.

Valerian, baseado nos quadrinhos Valérian e Laureline, do escritor Pierre Christin com ilustrações do artista Jean-Claude Méziéres, conta a história de Valerian, um agente policial responsável pela segurança humana em Alpha, uma estação espacial no século 28 que abriga criaturas de vários planetas. O personagem é um garoto atrevido e extrovertido, além de ser apaixonado por Laureline, sua colega de profissão. Tudo parecia normal para Valerian até que a energia de uma habitante do planeta destruído Mül entra em seu corpo. Valerian, então, entra em uma aventura que promete restaurar a riqueza deste planeta.

O enredo, mesmo que lembre filmes de sucesso mais antigos, deixa a desejar fortemente. Os habitantes do planeta Mül parecem ser a versão de Besson para aos habitantes de Pandora do famoso Avatar, de James Cameron. Assim como em Pandora, os habitantes de Mül vivem em forte contato com uma natureza impressionantemente bela, que dá aquilo que precisam para serem felizes. Porém, diferentemente do mundo criado por Cameron, Besson não dá a Mül nenhum problema interno, nenhum conflito. Assim, fica difícil acreditar na existência deste planeta utópico, no qual os moradores se vestem com roupas muito parecidas com as do Egito antigo. O resultado é: quando o planeta é destruído, o público se sente triste, mas não tanto a ponto de torcer para o retorno do globo nas restantes duas horas de filme.

Este foco no belo em detrimento do enredo não significa que o movimento Cinèma du Look não funcione. Por exemplo, o filme O Quinto Elemento de Besson fez grande sucesso usando a mesma estratégia. Porém, aquela produção contava com atores bastante talentosos e experientes como Bruce Willis, e comediantes como Chris Tucker, que, felizmente, nos impedia de levar o longa a sério.

Por outro lado, os atores que interpretam Valerian e Laureline, Dane DeHaan e Cara Delevingne respectivamente, parecem sofrer o mesmo problema do filme. São atores bonitos (Delevingne ganhando prêmios importantes como modelo), mas que não conseguem carregar o filme por duas horas. As cenas cômicas, sem muita graça, também não ajudam. Assim, Valerian é um filme bonito em busca de uma história.

Related Posts