Já faz dez anos desde que o primeiro filme de Transformers estreou e a franquia ainda esta bastante viva, tanto para a alegria daqueles que adoram a luta entre os robôs gigantes como para a tristeza daqueles que preferem enredos mais complexos. Michael Bay, o diretor do filme, é também odiado e adorado pelo mesmo motivo, tendo preferência por longas de explosão que subjugam o enredo e ignoram qualquer lógica.
Porém, lógica não é necessariamente aquilo que faz um filme ser bem-sucedido, e Bay sabe disso. Com câmeras ágeis e ângulos diferenciados, o diretor consegue estabelecer um visual que surpreende mesmo aqueles que não gostam de seus filmes. No caso de Transformers, o resultado foi a criação daquele tipo de fã que é vidrado no design complexo das imagens da produção. Um exemplo foi o que ocorreu há três anos atrás: fãs editaram o filme, deixando somente cenas de luta e tirando qualquer parte que conta a história dos robôs, e postaram no Youtube – o vídeo teve bastante sucesso até que o site tirou a gravação do ar por conta dos direitos autorais. Porém, o novo Transformers muda bastante o tom e o estilo da franquia.
O primeiro Transformers conta a história de Sam Witwicky, interpretado por Shia LaBeauf, um adolescente que claramente necessitava de “algo a mais” em sua vida ao mesmo tempo em que experimentava a puberdade. O enredo do filme parece ter a estrutura de E.T. o Extraterrestre dirigido por Steven Spielberg, já que, como em E.T., a ajuda ou este “algo a mais” vem de outro planeta. Claro, diferente do clássico de Spielberg, Transformers (que foi produzido por Spielberg) contém cenas de ação e comédia bastante adultas. Porém, o enredo sempre volta para a vida pessoal de Sam, que se torna a chave na luta entre os Autobots (os robôs do bem) e os Decepticons (os robôs do mal).
Os filmes seguintes da franquia se distanciam cada vez mais da vida pessoal dos personagens e se voltam para a guerra entre os robôs. Mark Wahlberg, interpretando Cade Yeager, um inventor e pai divorciado, substitui Sam como personagem principal. A aposta em mais ação e menos história, de um filme que já não havia muito enfoque no enredo, desagradou bastante. Por exemplo, Transformers: A Era da Extinção, o título de 2014, teve uma aprovação de 18% do público no site Rotten Tomatoes.
Porém, Transformers: O Último Cavaleiro vem para mudar o enfoque da franquia mais uma vez. Para começar, o filme faz referencia às cenas mais obscuras da história humana, como as guerras medievais e até o nazismo. O filme, desta maneira, se torna mais sério e sombrio. Basta ver que Anthony Hopkins é parte do elenco para entender isso. Os robôs, que lutavam entre si anteriormente, agora lutam contra os humanos. A mudança de enfoque, que parece conter uma crise de identidade, parece refletir mudanças contemporâneas onde pessoas tentam definir e redefinir seus propósitos. Mesmo assim, o filme ainda é “Transformers”, ou seja, cenas de ação e comédia ainda fazem parte do enredo.