Depois de muitos diretores, como Kathryn Bigelow, Michael Bay ou até mesmo Steven Spielberg explorarem os caminhos difíceis e traiçoeiros do mundo contemporâneo, agora é a vez de Wim Wenders fazer o mesmo. Sempre utilizando sua própria linguagem cinematográfica que dá unidade às obras do cineasta e as tornam um subgênero do filme independente (sim, devido aos festivais de cinema que influenciam o cinema independente, este se tornou um gênero que é tão especifico quanto aos gêneros de comédia ou horror).
O diretor Alemão Wim Wenders foi bastante popularizado por seus documentários (um deles sobre o famoso e prestigiado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado) e por seus filmes alegóricos e metafóricos como As Asas do Desejo, de 1987, obra que foi reinterpretada em Hollywood com o longa Cidade dos Anjos em 1998, pelo diretor Brad Silberling e com Nicolas Cage e Meg Ryan nos papéis principais.
Como as produções passadas de Win Wenders, Submersão tem um ritmo lento e reflexivo, com cenas que não parecem desenvolver o enredo para caminhos certos ou previsíveis e muitas vezes são metafóricas – para não dizer abstratas. Porém, possivelmente, devido ao barateamento dos equipamentos cinematográficos e o elenco famoso, o Submersão tem um visual que lembra bastante filmes de Hollywood. Mesmo assim, o estilo de Wender é inegável.
A obra conta a história de James (interpretado por James McAvoy), um agente de inteligência britânico pertencente ao MI6, e Danielle (interpretada por Alicia Vikander), uma bio-matemática (profissão que usa matemática para estudar organismos biológicos) que irá explorar a vida na profundeza dos oceanos. Claramente, as escolhas de tais profissões para os personagens os colocam em diferentes trajetórias, porém igualmente perigosas. Mesmo assim, a paixão e o amor entre tão distintos personagens deixam a situação ainda mais difícil (bem, talvez não mais complicado do que o relacionamento entre anjos e humanos em As Asas do Desejo).
Os dois estão submersos em problemas. Enquanto Daniella se encontra na escuridão dos oceanos, James é aprisionado. Em dois lugares tão separados, o que os personagens querem é se reunir novamente e reviver os momentos mostrados no começo da trama. Isto, juntamente com os visuais do filme que contam com o romance entre os personagens principais, o oceano e a prisão, dão ao cineasta os elementos que precisa para criar a poética tão característica de suas obras. Aqui encontramos, porém, um Wim Wenders mais contido e que se limita em temas maiores como a origem da vida, o amor, e a falta dos recursos naturais.
Para os que admiram o trabalho do cineasta, este longa irá ter alto grau de familiaridade e poderá trazer lágrimas. Porém, para o público em geral, é possível que durante o decorrer do filme, a poética de Wim Wenders pareça não se encaixar muito bem com os problemas do mundo contemporâneo, dando um ar de ingenuidade perante as cenas lentas e lânguidas. Tal característica pode fazer, agora, parte deste subgênero do cinema independente.