Punho de Ferro, série esperada da Marvel na Netflix, estreou no dia 15 de março. Porém, diferentemente dos outros títulos da Marvel no mesmo portal, o seriado teve grandes problemas de recepção e popularidade. Por exemplo, Rotten Tomatoes, site seguido por muitos cinéfilos nos Estados Unidos, chegou a dar uma média de aprovação de 12 por cento para a primeira temporada, lançada na semana passada – aprovação menor que o novo filme do Power Rangers, algo que, para fãs da Marvel e de super-heróis em geral, quer dizer muito.
Tanto o público como a crítica tentam entender a causa desse aparente fracasso, simplesmente chamando o seriado de entediante ou dizendo que seu personagem principal não foi bem desenvolvido pelos roteiristas.
Ainda, há aqueles que gostariam que o personagem principal Danny Rand (interpretado por Finn Jones) fosse asiático, visto que este é acolhido e educado por monges depois que seu avião cai no Himalaia, matando seus pais. Por conta de seu treino em artes marciais e uma visão budista de mundo, muitos acharam ser natural a escolha de um ator asiático, diferentemente dos quadrinhos de mesmo nome no qual o seriado se baseia, onde Danny é branco.
A atitude de Finn Jones não ajuda. Ao invés de deixar a onda de comentários negativos passar, e esperar por uma possível melhora em uma segunda temporada, o ator simplesmente culpou os críticos de não entenderem o seriado.
Enquanto a razão por trás da baixa popularidade da série parece ser uma mistura destes vários motivos, Punho de Ferro sofre mesmo por uma falta de balanço entre estilo e realismo mágico durante a temporada.
O primeiro episódio pode ser considerado o melhor da série. É aqui que conhecemos Danny, um jovem loiro que se veste como mendigo (sim, como todo bom filme de herói, já sabemos de cara que Danny não é simplesmente um mendigo por conta de sua aparência curiosamente saudável, frente uma vida difícil onde o personagem não tinha contato com a sociedade moderna). Também conhecemos mais da vida de Danny, entendendo que ele é herdeiro de uma poderosa companhia, Rand, mas que é controlada pelos filhos de Harold Meachum (David Wenham), um dos vilões da história. Finalmente, nos identificamos mais com o personagem quando entendemos que seus pais morreram.
Conflitos de enredo à parte, o que dá mesmo o tom especial para este episódio é o contraste entre um homem que aparenta ser mendigo, comicamente nem mesmo sabendo o que um telefone celular é, e seu poder místico: primeiro, uma força sobre-humana que o ajuda a fazer acrobacias que, de início, parece chegar perto do Homem Aranha e, segundo, sua habilidade em tornar seu punho em uma arma inquebrável por meio da concentração de seu chi em suas mãos.
Tal diversão e entretenimento, que sempre fazem parte da história de formação de um super-herói, se perdem nos episódios seguintes. As acrobacias de Danny se tornam raras e não tão impressionantes ao mesmo passo que sua arma principal, o punho de ferro, parece ser colocada em segundo plano. Além disso, a própria edição do seriado, que não deixava muito espaço para cenas sem importância, agora fica mais lenta e não segue o estilo do primeiro episódio.
Claro, a crítica negativa pode também ter nascido do fato de outros seriados e filmes da Marvel ter deixado o público não somente acostumado, mas também esperando por um produto impecável. Por exemplo, alguns fãs acham que Punho de Ferro seria um grande sucesso se tivesse estreado anos atrás.
Entretanto, a falta de uma máquina do tempo no seriado da Marvel não impede que os produtores olhem para o passado, para o primeiro episódio, e repitam a fórmula usada – melhorando a edição e o uso do realismo mágico de um herói que ainda não deslanchou, mas que ainda poderá vencer.