Estreou esta semana O Jovem Papa na HBO, seriado criado pelo diretor italiano Paolo Sorrentino. O cineasta, famoso por seu estilo de critica incisivo das tradições da sociedade – o que lhe deu o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014 com A Grande Beleza – traz o mesmo tom irônico para a realidade e política papais.
O Jovem Papa conta a história do charmoso Lenny Belardo, interpretado por Jude Law, que se torna o primeiro Papa americano na história. Logo de início, percebemos que Lenny não segue as regras da igreja moderna, decidindo seguir seu próprio caminho e ideias para o transtorno daqueles que o colocaram no poder.
Lenny, porém, demonstra um amor pelo igreja que não parece ser encontrado ao seu redor: ele quer restaurar a instituição à sua antiga glória, tomando decisões radicais até mesmo quanto às roupas que veste, usando vestimentas de papas do passado distante. Porém, ao mesmo tempo que Lenny devota toda sua energia à igreja, ele demonstra não ser muito religioso, muitas vezes manifestando uma grande falta de fé.
Como uma pessoa assim chegou ao poder? Os cardinais do vaticano, responsáveis pela escolha do novo Papa, tinham medo que um outro cardinal, Michael Spencer, interpretado por James Cromwell, subisse ao poder. Consequentemente, votaram em Lenny por achar que seria fácil manipular o jovem. O que não esperaram era a sede do novo Papa em afirmar suas convicções.
O primeiro episódio começa lento e, embora tenha partes engraçadas que ajudam a entreter o publico, não mostra o modo pelo qual a série realmente se desenvolverá. É aqui que os personagens principais são apresentados, como a irmã Mary, interpretada por Diane Keaton, a única pessoa que pode influenciar Lenny, e o cardinal Voiello, interpretado por Silvio Orlando e o responsável pela falha politica que levou Lenny a se tornar o novo papa.
A cada episodio, porém, surpresas e revelações tornam O Jovem Papa mais e mais interessante. Para aquele tipo de público que espera ser entretido de maneira rápida e imediata, O Jovem Papa não irá agradar. Entretanto, para aqueles que gostam de desvendar mistérios e encontrar soluções, a série se revelará mais do que aparenta ser.
Por causa do primeiro episódio, pensamos que Lenny é apenas um homem de contradições em um mundo cheio de contradições. Também começamos a acreditar que o seriado será enfocado em questões polêmicas como sexualidade, especialmente referente o estupro, e a falta de fé no mundo atual. Em outras palavras, acreditamos que O Jovem Papa será mais um seriado político que tenta mostrar a realidade por dentro do Vaticano. É fácil apenas aceitar as características de Lenny e não prestar atenção no motivo real por trás de suas opiniões e sentimentos. Porém, este motivo é a razão pelo qual o seriado termina bem-sucedido e empolgante.
Como um Papa pode ter tanto amor pela igreja e não ter fé em seus dogmas ou crenças? A razão, que se desenvolve no decorrer da série, só poderá ser encontrada no plano divino.