Filmes de múmia não somente fizeram sucesso na história do cinema, mas tendem a retornar a cada tempo com um novo enfoque. A última produção do monstro, que ainda faz parte de nossas memorias, é aquele com o ator Brendan Fraser, no qual uma maldição faz com que um poderoso sacerdote, que havia sido punido por ter um caso amoroso com a mulher do faraó, acorda milhares de anos depois para assombrar o planeta terra.
Este filme foi dirigido por Stephen Sommers em 1999 e trouxe o estilo e a estrutura de filmes de aventura no estilo de Indiana Jones para a múmia, algo que se mostrou uma escolha de sucesso da Universal Studios, e que contou com diversas sequências. O longa, que também inovou na criação de efeitos especiais espetaculares para a época foi, porém, baseado em um outro A Múmia, dirigido por Karl Freund em 1932. Esta versão do monstro famoso, que também foi produzida pela Universal Studios, foca mais no gênero de horror. Porém, o grande sucesso deste antigo filme não foi somente o fato de que o monstro finalmente ganhou espaço na telona, mas principalmente desenvolveu um tipo de fórmula cinematográfica baseada em personagens amaldiçoados que é utilizada até hoje.
Isto não é diferente para a nova produção de A Múmia, dirigido por Alex Kurtzman e que traz Tom Cruise como personagem principal. Embora o longa traga muitas diferenças em relação às versões anteriores, o fato de ser produzido pela Universal Studios dá uma indicação de que é mais um remake, praticamente um centenário remake em um cinema imerso em muitos outros.
O filme atualiza a figura da múmia e o conceito de personagens amaldiçoados para os dias de hoje. Para começar, o monstro agora é uma mulher, ou mais precisamente uma princesa que havia sido enterrada no deserto e acorda milhares de anos depois para aterrorizar o mundo. O enfoque feminino vem na trilha da popularidade de muitos filmes atuais, como Mulher Maravilha, que tentam dar vida a estruturas de enredo antigas por meio de seus personagens.
Além disso, se a versão do filme de 1932 era voltada ao horror e a de 1999 tinha o gênero de aventura como enfoque, desta vez A Múmia parece fazer parte de um universo comum no cinema atual: o universo dos super-heróis. Mesmo que o protagonista, Nick Morton, não tenha superpoderes, sendo um soldado que pilha artefatos antigos para ganhar dinheiro, o tipo de cinematografia, efeitos especiais e atuação imediatamente nos conecta com aqueles de super-heróis.
Isto não é coincidência. Depois do lucro de Os Vingadores, que trouxe heróis famosos e que já possuíam filmes, como Capitão America, Hulk e o Homem de Ferro, para o mesmo filme, grandes estúdios começaram a correr para obter o mesmo sucesso. A Warner Brothers, com a D.C. Comics, já tem a Liga da Justiça em mente, que contará com Super-Homem, Mulher Maravilha e Batman. Agora é a vez da Universal de achar o seu nicho e o estúdio está apostando no que chamam de “Dark Universe”, aquele universo que conta com o Drácula, Frankenstein e a múmia. Talvez o próximo passo para um cinema que vive de remakes seja a criação de mais e mais universos onde seus personagens tenham filmes próprios.