A ideia principal de A Morte te Dá Parabéns, onde um protagonista fica preso no tempo, tendo que repetir as mesmas 24 horas todos os dias, é já bem batida. Porém, quando interpretada de maneira original, fica muito divertida. Já misturaram tal conceito com o gênero de comédia (como por exemplo no filme Feitiço do Tempo, com Bill Murray, e que é homenageado pela produção), com o gênero de ficção cientifica (como em No Limite do Amanha, interpretado por Tom Cruise), ou ainda com o gênero experimental (como em Corra Lola Corra, com Franka Potente). Agora foi a vez de A Morte te Dá Parabéns ter sua própria releitura com o gênero do terror.
E não foi qualquer tipo de terror escolhido pelo escritor Scott Lobdell (conhecido por seu trabalho em X-men), mas aquele do estilo slasher (que tem o filme Pânico, de 1996, como seu exemplo de mais recente sucesso). O fato de títulos de terror deste tipo não terem sido muito explorados, desde então, dão a esta nova produção a originalidade que precisa para fazer diferença. Mas seu sucesso não para por aí.
O filme conta a história de Tree Gelbman, interpretada por Jessica Roth, uma pessoa antipática e arrogante que é obrigada a vivenciar as mesmas 24 horas que antecedem o seu assassinato, repetidamente. Acordando sempre na cama de um rapaz que não conhece, mas que acredita ter tido relação sexual enquanto embriagada, Tree mostra seu desprezo ante os outros quando menospreza o garoto, que parece genuinamente interessado por ela.
Personagens assim sempre morrem logo no começo de qualquer filme de terror, desde Tubarão, dirigido por Steven Spielberg, onde uma jovem que demonstra sua sexualidade acaba comida pelo tubarão, ou o próprio Pânico, onde a personagem interpretada por Drew Barrymore morre logo após flertar por telefone com um homem que não conhece.
E aqui jaz a escolha mais bem-sucedida do filme: Tree, que morreria logo no começo de qualquer filme de terror, recebe uma nova chance de se redimir. Desta maneira, cada vez que ela acorda, tem a chance de se tornar uma pessoa melhor (claro, sempre com a dificuldade de saber que morrerá no final do dia).
O filme não é, porém, perfeito. Por exemplo, a atuação de muitos dos personagens secundários deixa muito a desejar, ficando difícil de acreditar neles em todo o momento. Algumas cenas são repetidas tanto a ponto de serem monótonas. Outras são batidas e fáceis de prever. Mesmo assim, o longa, que tem pitadas de comédia e terror na medida certa, consegue manter o interesse e a atenção do público.
Além disso, a mistura de gêneros não para no terror. No filme é possível encontrar momentos que lembram títulos de detetive onde o protagonista tenta desvendar o segredo (no, caso, quem a matou), filmes de comédia romântica (sim, o garoto que Tree vê sempre que acorda, previsivelmente, se torna seu amor), e ainda ação (que conta com cenas de explosões exageradas que lembram filmes dos anos 80). E é com esta mistura de gêneros que A morte te dá parabéns se torna original e divertido.