A Bela e a Fera: O remake de nossa memória

O esperado filme da Disney A Bela e a Fera estreou nos cinemas no dia 16 de março. O longa é baseado tanto no conto de fadas de 1740 – da escritora francesa Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve – como na animação da Disney de 1991.

Como qualquer conto de fadas bem-sucedido, sua história foi adaptada e interpretada diversas vezes. Porém, o cinema presente que valoriza nostalgia e memória, entra em forte contraste com a realidade contemporânea, que visa modernizar obras de acordo com valores culturais e tecnológicos atuais. Desta maneira, o remake de uma obra tão exaltada tem alto risco. O novo filme da Disney, no entanto, percorre os intricados caminhos de seu remake de maneira afortunada.

A história original de A Bela e a Fera é, em si, bastante polêmica: uma garota que se apaixona por um monstro depois de ter sido aprisionada por este (possivelmente uma metáfora em relação à casamentos arranjados, comuns no passado). Diferentemente da história da Disney, o conto de Barbot é muito mais sombrio e se desenvolve em torno de uma figura paterna que não tem dinheiro para sustentar seus filhos, e Bela sendo a filha que menos se importa com bens materiais. A própria Disney levou muito tempo para conseguir adaptar o conto da maneira desejada, com tentativas que vão desde 1930.

Com a adição de música, objetos cantantes e engraçados, e um enfoque na esperteza da Bela, a Disney encontrou a fórmula perfeita para o conto, transformando-o em uma de suas animações mais famosas e um ícone do cinema.

É neste complexo pano de fundo que o novo filme A Bela e a Fera ressurge, criando polêmica com cada pequena decisão tomada pelo estúdio. Por exemplo, a personagem da senhora Potts, a famosa bule de chá, tem sua face desenhada do lado da cerâmica, diferentemente do desenho onde a face aparece na frente, seu nariz sendo o bico do bule. Tal diferença já fez com que muitos fãs da animação se sentissem traídos antes mesmo de ver o filme. O mesmo sentimento aparece em relação a Fera, que não tem o mesmo carisma do desenho.

Se diferenças estilísticas são o suficiente para criar polêmica, mudanças no enredo criam furor. Tentando atualizar o conto, a Disney criou personagens mais complexos. Uma das controversas mudanças foi quanto ao personagem LeFou (Josh Gad), o famoso ajudante atrapalhado do vilão Gastão, que agora é gay. Mesmo sendo improvável que crianças percebam isto, este fato deixou muitos fãs desapontados, enquanto outros aprovaram a mudança.

Ainda assim, o filme cria muitas condições para que seja um grande sucesso de bilheteria. Para começar, a produção conta com as canções originais, o suficiente para fazer com que qualquer um queira ver o filme. Emma Watson, interpretando Bela, possui muitos fãs por seu trabalho em Harry Potter. E, finalmente, o espetáculo está atualizado para um público acostumado com uma extravagância visual.

No entanto, só o tempo dirá se o filme entrará para nossas memorias ou será apenas uma lembrança de algo maior.

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