A Noite do Jogo

A Noite do Jogo consegue firmar um estilo bem especifico de comédia, um que tem como centro a atuação de Jason Bateman. Quando o público (ou a crítica) elogia uma boa atuação, esta geralmente mostra um excesso de emoções. Personagens agoniados, tristes, que choram lagrimas trágicas ou perdem a cabeça são fortes candidatos a serem exaltados quando a atuação é eficaz. Fora isto, o que sobra são as biografias, o que dá aos atores a oportunidade de “imitar” pessoas conhecidas e mostrarem seu talento.

Até mesmo o gênero de comédia parece fazer parte deste quadro. São estrelas que conseguem ir além do personagem comum que ganha atenção, como por exemplo Will Farrell e Jim Carrey. Mas há um tipo de atuação bastante difícil, e que é geralmente ignorada por não aparecer tanto quanto as outras.

Esta é a interpretação que mostra personagens comuns, homens e mulheres normais que servem de contraponto a situações estressantes, surreais e… engraçadas. São atuações sutis e que tornam a trama cômica ao fazer com que o espectador veja o universo do filme pelos olhos do protagonista. E Jason Bateman se especializou exatamente nisto.

Seus papeis são tão parecidos que parecem ser a mesma pessoa, mesmo quando a obra não é uma comédia propriamente dita. Ainda assim, cria um estilo bastante específico de humor. Seguindo a linha de Quero Matar Meu Chefe, A Noite do Jogo mostra Bateman sendo agredido emocionalmente e tentando vencer de seu agressor. Pior, aqui o vilão é seu próprio irmão.

Dirigido por John Francis Daley e Jonathan Goldstein, o longa conta a história de Max (Jason Bateman) que, com sua mulher Annie (Rachel McAdams), é vidrado em jogos que todos já conhecemos desde criança. Jogos de tabuleiro, adivinhação ou ainda de habilidade e precisão fazem parte dos encontros entre o casal e seus amigos. Porém, longe da pura brincadeira e diversão que geralmente fazem parte deste tipo de atividade, Max compete para ganhar e vê tais jogos de maneira séria (até mesmo seu casamento com Annie parece baseado no fato de que esta é uma boa parceira na competição).

E há uma razão para isto. Seu irmão, Brooks (Kyle Chandler), parece ser melhor do que Max em tudo. Quando Brooks está por perto, a habilidade e talento de Max para ganhar qualquer jogo se perde, já que seu irmão o afeta emocionalmente. Fica claro que a competitividade de Max é devido ao fato de que nunca ganhou de seu irmão. E é quando Max e Brooks voltam a se encontrar para competir que A Noite do Jogo ganha vida, especialmente quando a competição vai muito além do que era planejado, com a vida pessoal de Brooks afetando todos.

Com a presença de divertidos personagens menores, como um policial excêntrico que também adora jogos (Jesse Plemons) e que serve de contraponto ao personagem “normal” de Bateman, A Noite do Jogo consegue tirar boas risadas do público em um longa que é capaz manter este estilo de comédia firmado pelo ator.