Superpoderes criativos? Lutas emocionantes? Vilões sanguinários? Super-heróis que dão suas vidas para salvar a humanidade? Relacionamentos que se complicam quando superpoderes entram na dinâmica? Será que é isto que queremos ver quando assistimos filmes de super-heróis? Sim! É exatamente isto que queremos ver.
Quando o trailer de Vidro, filme dirigido por M. Night Shyamalan, apareceu pela primeira vez, parecia que o filme daria isto ao público. Vidro tinha um grande potencial de sucesso: é a continuação de Corpo Fechado e Fragmentado, dois filmes que, mesmo com seus defeitos, tornaram seus personagens conhecidos.
Em Corpo Fechado, David Dunn (Bruce Willis) sobrevive a um acidente causado por Elijah Price (Samuel L. Jackson). Sendo o único sobrevivente de um trem que descarrilhou, Dunn descobre que possui super-força e a habilidade de tocar pessoas e ver seu passado. Seu inimigo Price pode ser tão fraco a ponto de que seus ossos se quebram como vidro (nome do filme), mas possui super-inteligência que ajuda na sua tentativa de achar outros super-humanos.
Em Fragmentado, Dennis (James McAvoy) possui múltiplas personalidades que o fazem um verdadeiro psicopata. Especialmente quando todas estas personalidades esperam por uma que é mais forte do que todas: a besta. Com esta personalidade, Dennis se transforma em um ser com uma forca sobre-humana. Em Vidro, o super-herói Dunn e o vilão “a besta” se encontram, prometendo lutas emocionantes e complicadas pelos planos maquiavélicos de Elijah.
Mas não é isto o que acontece. Logo depois de um emocionante inicio onde esta luta acontece, os três protagonistas são presos e colocados no manicômio. E esta é a maior parte do filme. A psicóloga Dr. Ellie Staple (Sarah Paulson) passa a maior parte do tempo tentando provar aos seus novos pacientes que estes não são super-heróis, que todas as suas habilidades são na verdade ilusões. Toda a promessa de luta do bem contra o mal fica em segundo plano.
Talvez o melhor aspecto do filme sejam as atuações de Bruce Willis, que da ao personagem um tom bastante carismático e James McAvoy, com sua impressionante habilidade de mudar de personalidade de uma hora para outra. Mas isso só deixa mais claro a oportunidade perdida de criar um novo universo de super-heróis.
Há uma surpresa no final do filme que tenta começar este novo universo. Mas com tantas falhas, esta aparece apenas como mais um problema no enredo.
Texto escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para o Jornal A Crítica.