Claro que todos aqueles que gostam de super-heróis, e da Marvel, estão sempre empolgados para assistir os filmes e seriados baseados nos quadrinhos conhecidos. Porém, quando o roteiro do seriado claramente não está pronto, e quando, mesmo assim, produtores e estúdios decidem colocar o projeto no ar, os fãs ficam desapontados e perdem o interesse.
Infelizmente, parte disso parece ser o que faz a segunda temporada de Luke Cage um pouco monótona. Diferentemente da primeira temporada, que conta com um estilo original e bem pensado, como por exemplo o fato de trazer um tom dos anos 70, esta nova só parece copiar o que foi feito antes, mas sem muita energia.
Um dos principais problemas pode ser a ausência de um vilão eficaz. A primeira temporada trouxe Cottonmouth (Mahershala Ali) e Diamondback (Erik LaRay Harvey), que foram derrotados por Luke (Mike Colter), herói com super-força e que protege o bairro em que mora, Harlem, uma área residencial predominantemente afro-americana.
Após salvar seu bairro, Luke rapidamente vira uma celebridade e até mesmo aparece na ESPN. Ou seja, diferentemente do que acontece com a maioria dos super-heróis conhecidos, Luke não tem disfarce. Ajuda os moradores da vizinhança com sua própria identidade.
Este detalhe pode parecer original e eficaz, deixando Luke mais vulnerável aos vilões que conhecem a sua identidade. Porém, isto vem com problemas. Primeiro, uma das coisas mais excitantes de acompanhar as aventuras de um super-herói é ter o conhecimento de sua identidade secreta sem que mais ninguém em seu universo tenha. Isto faz com que o público se identifique bastante com o herói e torça mais para este. Assim, quando sua identidade está prestes a ser comprometida, todos torcem para o herói escapar do problema.
Já que todos sabem quem Luke é, não compartilhamos nenhum segredo com o herói. E quanto ao problema deste estar mais vulnerável aos ataques inimigos? Bom, se os inimigos não são cativantes, por que o público iria se interessar?
O novo inimigo de Luke é Bushmaster (Mustafa Shakir), um ganster jamaicano que anseia pelo controle de Harlem. Com um passado misterioso e com super-força, este inimigo podia ter tudo para dar trabalho a Luke, e até que dá. Porém, mesmo contando com boas atuações, o vilão não tem nada de original. Isso faz com que o público perca o interesse já que sentem que já viram este tipo de vilão antes. E isto continua durante a temporada, já que as ações, tanto do herói quanto do vilão, começam a parecer repetitivas.
O resultado é que os personagens começam a parecer caricaturas, com ações que são altamente previsíveis em um gênero que poderia ter muito mais mistério e segredo. Assim, o seriado inteiro parece passar bastante devagar. Alguns episódios parecem não engrenar e não ajudar no enredo principal. O conteúdo, que poderia fazer parte de uma minissérie, parece ter sido esticado para fazer parte de uma temporada completa. A terceira temporada precisará olhar para a primeira para ter novo sucesso.
Texto escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para o jornal A Tarde.