Han Solo: Uma História Star Wars

O lançamento do universo de Star Wars, Han Solo: Uma História Star Wars, apresenta um enredo solido e muito divertido. A dificuldade de agradar ao público era óbvia. Não somente Ron Howard, diretor do filme, precisa lidar com um tipo de enredo que é mais linear do que as produções de fantasia de hoje, mas também caminhar por um difícil labirinto para ter sucesso: a complicada relação entre os títulos consagrados da trilogia original e as novas produções com atores novos em papéis lendários. Howard, que é conhecido por títulos que vão desde Cocoon e Willow até Mente Brilhante, é bem-sucedido.

O filme acerta em suas cenas de ação que em geral são tanto dramáticas quanto cômicas, dando ao público o grande entretenimento que procura. Estas cenas são repletas de perseguições criativas por caminhos traiçoeiros, algo que tanto a Disney e George Lucas (o criador de Star Wars) são especialistas. Além disso, as tragédias que acontecem no meio do caminho dão a seriedade necessária para que o público dê importância e torça para os personagens.

O sucesso nas cenas de ação já era o esperado. Tanto Ron Howard como a Disney já têm a experiência para fazer isto. Muito mais difícil é produzir um dos ícones mais célebres e queridos do cinema: Han Solo. Este personagem, originalmente interpretado por uma outra lenda, Harrison Ford, era um tipo de anti-herói que dava contraponto ao Luke Skywalker, o protagonista de coração puro de Star Wars. Assim, enquanto lutava para salvar o universo, Han Solo não somente reclamava, era ranzinzo e rabugento, mas também charmoso e independente. Mesmo tendo sempre seu amigo Chewbacca ao seu lado, este tipo de personalidade deu ao sobrenome Solo seu sentido: Han Solo tem bom coração, mas age sozinho.

Na nova produção, o jovem Alden Ehrenreich interpreta Han Solo. Ele consegue, muitas vezes, ser tão charmoso e bacana como Ford. O efeito é parecido com o que acontece no filme Meia Noite Em Paris, onde o ator Owen Wilson atua como Woody Allen. Ou seja, assim como vemos Allen em Wilson, conseguimos ver Harrison Ford em Ehrenreich. Isto acontece porque em ambas as ocasiões, os trejeitos dos atores são estudados e repetidos. No caso do último, o sorriso de Solo nas horas mais desesperadoras lembram bastante o de Ford.

Porém, o que falta, é aquela característica mais rabugenta e rebelde. O novo Solo é bastante rápido em fazer amigos e confiar nas pessoas ao seu redor. Aliás, sua amizade com Chewbacca parece acontecer talvez rápido demais. Isto pode ser devido a uma estratégia de enredo onde algo trágico acontece com Solo futuramente, mudando sua personalidade. Mas, para este filme, o resultado é que outras figuras, não somente o Chewbacca, mas também os novos personagens introduzidos, roubam a atenção do protagonista. Em outras palavras, o novo Solo não é o “anti-herói” originado por Harrison Ford e que trouxe fama ao protagonista.

Solo pode ainda não ser… Solo. Mas isto não tira a graça do filme, que também conta com a participação surpresa de atores queridos do público e que apareceram em outras produções de Ron Howard.

Texto escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para o jornal A Crítica.

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