Foi em 1895 que o cinema invadiu a América Latina de forma despretensiosa e foi tomando uma proporção inesperada. Desde então, os equipamentos de filmagem, projeção e profissionais começaram a promover o desenvolvimento de produções cinematográficas nessa região.
No século XX, especialmente na Argentina, Brasil e México, amplia-se a propagação dessa arte e, em 1930, a América Latina desperta o interesse de muitos cineastas estrangeiros que buscavam temáticas diferentes para seus filmes.
Na década de 40, ocorreu a produção de muitas comédias mexicanas que mostravam a vida no campo acompanhada de um discurso nacionalista. No Brasil, surge a Atlântida Cinematográfica, uma companhia sem grandes investimentos em infraestrutura, mas com produções constantes. Teve como estreia “Moleque Tião” (1943), dirigido por José Carlos Burle, mas a companhia fez sucesso com o gênero chanchada, de baixo custo e com apelo popular.
Diretores, como Juan Orol e Ramón Peón, exploravam diferentes formas dos dramas humanos inspirados pelas radionovelas e pelo estilo de produção norte-americana, o “American Way of Life”.
Com a descoberta do cinema sonoro, proliferam-se a produção dos musicais e as trilhas sonoras passam a ser fundamentais na criação dos filmes. Os espetáculos cantados e dançados contavam com o nome de artistas consagrados da música Latino-Americana e contribuiu para a popularização dos gêneros musicais urbanos.
Após a II Guerra Mundial, a produção cinematográfica da América Latina se transforma ao mesmo tempo que a produção hollywoodiana vai adquirindo hegemonia. Nas regiões sul-americanas surgem as cinemáticas e o neorrealismo italiano torna-se uma referência para os cineastas nas abordagens do homem comum. Mais para frente, o movimento artístico do cinema francês “nouvelle vague” (nova onda) também traria seus adeptos dentre os diretores Latino-Americanos.
Na década de 80, a concorrência com as produções norte-americanas, o bloqueio criativo e o desencanto do público com as filmagens nacionais, faz com que o cinema latino decline. Na tentativa de atrair o gosto popular, muitos cineastas recorrem a adaptações literárias, filmes históricos e comédias que conquistassem o grande público. A dependência em relação ao Estado (leis de incentivo e instituições estatais) para conseguir recursos financeiros para exibição foram as únicas formas que as empresas cinematográficas Latino-Americanas encontraram para sobreviver.
No final do século XX surge uma nova forma de produção entre os países e os dilemas da sociedade e momentos históricos importantes passam a ser retratados nas obras. Diretores como Daniel Burman (Argentina), Pablo Stoll (Uruguai), Karim Aïnouz (Brasil), Alejandro Iñárritu (México), dentre outros, dão impulso ao cinema de suas nacionalidades.
As produções ganharam mais visibilidade no exterior, recebem prêmios e garantem lucratividade para seus idealizadores, estimulando assim, o surgimento de jovens cineastas e um novo caminho para o cinema Latino-Americano no século XXI.
Texto escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski à Revista Zoom.